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Educação para Relações Étnico-Raciais entra na grade curricular da Rede Municipal de Ensino de Caraguatatuba

Educação para Relações Étnico-Raciais entra na grade curricular da Rede Municipal de Ensino de Caraguatatuba
Educação para Relações Étnico-Raciais entra na grade curricular da Rede Municipal de Ensino de Caraguatatuba

Caraguatatuba introduziu este ano no Ensino Fundamental 1 do 1º ao 5º ano, na grade curricular, a disciplina Educação para Relações Étnico-Raciais (ERER).

#PraTodosVerem A secretária de Educação, Roseli Morilla, fala aos professores do ERER, na secretaria de Educação

Essa disciplina destina-se a promover o conhecimento e o respeito às diferentes culturas dos povos tradicionais, indígenas, afro-brasileiros e africanos; entender e valorizar a importância do protagonismo da cultura criativa e da manifestação cultural desses povos para a preservação dos recursos naturais e sustentabilidade.

Para colocar em prática essa disciplina, um grupo de professores do Apoio Pedagógico – Marta Tanuri, Claudilene e Eduardo Gigliotti, Beatriz Gabelline, Luiz Cláudio Carvalho, Tâmara Almeida e Cristiane Bachiega Yamamura – produziram um material didático norteador, desde o 1º ao 5º ano.

Também da participação dos professores Flavia Teles, com os artigos de decoração, com obras da cultura caiçara do Mestre Joca, de Caraguatatuba, da comunidade caiçara de Ubatuba e do professor Rogério Estavanel.

#PraTodosVerem Débora e Júlio D’Zambê fazem apresentação musical durante o encontro dos professores do ERER. Ela toca flauta transversa e ele, violão, na Secretaria de Educação

Além da parte teórica, também propõem formas diversas de abordar a cultura desses povos com músicas, brincadeiras, culinária, jogos, entre outros recursos.

A secretária de Educação, Roseli Morilla, ressaltou a relevância do ERER na valorização da cultura criativa, da manifestação cultural e da diversidade desses povos, para a conservação dos recursos naturais e da sustentabilidade.

“Com essa disciplina, também atendemos o que preconiza a lei 10.639/2003, que incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino, a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Também que o município possa receber recursos da complementação do Valor Aluno Ano Resultado (VAAR) e promover melhoria de gestão e alcançarmos resultados de redução de desigualdades educacionais”, disse Roseli Morilla.

Na Pele

Nada como sentir o preconceito desde criança para saber a importância de desconstruir o racismo estrutural.

#PraTodosVerem Integrantes do Grupo de Fandango Caiçara de Ubatuba dançam durante o encontro com professores do ERER, na Secretaria de Educação

O primeiro preconceito sofrido por Maria Aparecida dos Santos, 54 anos, foi na infância, por causa do cabelo.

“Escutava que tinha cabelo ruim. Isso fazia eu me sentir muito deslocada socialmente, porque não me encaixava no padrão do cabelo liso. Na época, não me aceitava com aquele cabelo e fazia tudo para mudá-lo. Na vida adulta, quando disputava uma vaga com pessoa branca, percebia que era preterida por causa da cor da pele”, declarou.

Mesmo hoje como professora, percebe o preconceito de alguns pais, quando chegam para conversar sobre os filhos. “Percebo que esperam ser recebidos por uma professora branca. A expressão deles mostra a estranheza no fato da professora ser negra”, avaliou.

Por estes e outros motivos, Maria Aparecida comemorou a introdução da Educação para Relações Étnico-Raciais na grade curricular do Fundamental 1.

“É inovadora e necessária, antes de tudo. Vem esclarecer essa questão da nossa sociedade, que o grande número da população brasileira é de afro-brasileiros. E que a gente sofre com o preconceito e o racismo estrutural. É imprescindível refletir esse tema nas escolas desde a tenra idade. Assim, as crianças podem crescer sem esse racismo enraizado, respeitando as diferenças, para que tornemos nossa sociedade mais justa. Mostrar para os alunos negros que eles podem ser o que eles quiserem ser. Que podem e devem ocupar diversos espaços na sociedade. Temos que falar, conversar e refletir que todos nós temos lugar. Estudar, respeitar o próximo e ser aquilo que gostaríamos de ser, com paz e união entre todos”, avaliou a pedagoga.

Consultoria

A equipe do Apoio Pedagógico conta com uma consultoria de peso, do casal Julio e Débora D’Zambê, que há 20 anos desenvolvem o trabalho de inclusão da cultura africana, afrobrasileira e cultura antirracista nas escolas, nas formações de professores, nos setores corporativos e disseminação da cultura antirracista.

“Já trabalhamos em parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares (SP), Fundação Abrinq, SESC e SESI (SP) e com o Senado”, contou Júlio.

Eles possuem um acervo de máscaras da africanas da Nigéria (Iorubá), Costa do Marfin (Dan), de brinquedos e jogos, como a boneca Sangoma (feita pelas avós), Awalê (jogo da solidariedade com sementes de Baobá), escultura UNIT de Gana da etnia Ashanti, que tem o significado de união familiar.

Ambos são autores do livro “Nzuá e o Arco Íris”, a história de um garoto de Angola que vê nas cores do arco-íris a paz no mundo. Além disso, são músicos e lançam mão deste recurso para levar todo conhecimento adquirido nessas duas décadas de desconstrução do racismo. Ambos nascidos na Cidade de São Paulo, Professores de Arte, Músicos e Contadores de Histórias, escreveram juntos Nzuá e o Arco-Íris – Global editora, Como o Criador fez Surgir o Homem na Terra – editora Mundo Mirim, Aisha Deusa da Vida (texto e ilustração) – editora OòrùnD’Zambê, gravaram o áudio livro Cantos e Contos Africanos da Universidade Falada, os CDs : Balão de Histórias e Lisapongee (África – Brasil – Cuba) do selo Saci é Brasil e o filme “A Casa das Histórias”.

Fazem palestras em escolas sobre a “Influência da Cultura Africana no Nosso Repertório Pessoal”, no SESC, no SESI, e também realizam atividades corporativas nas empresas. São fundadores do projeto Sansakroma e Membros do Comitê Internacional dos Festivais do Caribe.)

Por meio de várias dinâmicas os dois mostram ao grupo de professores do ERER como trabalhar de forma leve, lúdica e prazerosa.

Grupo Fandango Caiçara de Ubatuba

Dentro da proposta dos alunos e professores vivenciarem e aprenderem sobre as raízes da cultura Caiçara, dentro do processo da matéria Educação para Relações Étnico-Raciais (ERER), a professora Marta Tanuri trouxe o Grupo de Fandango Caiçara de Ubatuba para uma apresentação na Secretaria de Educação, quarta-feira (26), às 19h.

“Como tenho proximidade com esse grupo, que fez parte da minha tese de doutorado na PUC-SP sobre o Falar Caiçara, achei interessante que eles se apresentassem para os professores, que estão ministrando a disciplina ERER. A proposta com esse encontro era de trazer a importância dos povos tradicionais, especificamente dos caiçaras para os professores, para que eles possam, a partir dessa vivência, trabalhar em sala de aula, com as crianças e aproximá-las da valorização e da identidade cultural de Caraguatatuba”, explicou Marta.

Esse ano o Grupo de Fandango Caiçara de Ubatuba faz 20 anos. Seu maior objetivo é manter, fomentar e preservar a memória dos antigos, a história Caiçara por meio do fandango também.

Um dos integrantes, Mario Ricardo de Oliveira, conhecido como Mário Gato, disse que a Educação para Relações Étnico-Raciais é essencial para a mudança das relações sociais no Brasil.

“O tema é importante, já que estamos vivenciando um mundo cheio de preconceito e racismo. Precisamos combater isso por meio da educação e da cultura. As duas têm que andar juntas. É um tema delicado de se lidar, mas temos que tocar nesse assunto”, afirmou Mário Gato.

A secretária de Educação, Roseli Morilla, acompanhou a apresentação e acredita no ERER como meio de diminuir as diferenças sociais e ressaltar a cultura Caiçara.

“As crianças são nascidas aqui, são caiçaras e não conseguem ter essa identidade. Acho que a música, o fandango, a comida faz com que eles se aproximem de algo que é muito próprio de quem nasceu caiçara. Queremos levar isso não só para as crianças para os pais e comunidades para que estes preservem sua história e o meio ambiente em que vivem. E, principalmente, diminuir essa desigualdade socioeconômica cultural que estamos vivendo no momento”, declarou a secretária.

Ao final do evento houve um jantar típico caiçara com o prato “Arroz de Marisco” ou “Lambe-Lambe”. Uma comida tradicional, onde o arroz é bem temperado e cozido com o marisco ainda na casca.

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