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14ª Flic termina com ampliação do aprendizado sobre diversidade, inclusão, senso de comunidade e cultura indígena
14ª Flic termina com ampliação do aprendizado sobre diversidade, inclusão, senso de comunidade e cultura indígena
A 14ª Feira Literária de Caraguatatuba (FLIC), realizada entre os dias 17 e 19 de outubro, envolveu as 60 escolas da Rede Municipal de Ensino e toda comunidade escolar. Também aderiram à Flic as seguintes instituições de ensino particular: APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Arco Íris, Caraguatá, Imperatrice e Nova Geração.
A FLIC foi criada para despertar o interesse pela leitura nos alunos por meio de situações literárias, espaços de leitura e cultura, desenvolvendo trabalhos a partir dos autores escolhidos. E tornou-se a maior feira do gênero no Litoral Norte.
Este ano, os professores escolheram por votação para Educação Infantil, a autora Janaína Tokitaka; para o Ensino Fudamental 1, Flávia Muniz; e para o Ensino Fundamental 2, Daniel Munduruku. O material didático dos escritores foi trabalhado desde março deste ano, em atividades diversas, em sala de aula.
“Meu agradecimento à comunidade escolar pelo empenho em fazer desta 14ª edição da Feira Literária de Caraguatatuba, um evento especial. A FLIC cumpriu seu objetivo em promover a leitura, cultura e educação, proporcionando o enriquecimento diferenciado de um novo repertório literário para nossos estudantes”, disse a secretária de Educação, Márcia Paiva.
FLIC nas escolas
A Feira Literária envolveu as 60 unidades escolares da rede municipal, seus 21.552 alunos, 1.560 professores, além das equipes de Agentes de Desenvolvimento Infantil e Agentes de Apoio Escolar, Inspetores, o time do Apoio Pedagógico e Supervisão.
Na EMEI Maria de Lourdes Lucarelli Perez, no bairro Indaiá, os alunos da Fase 1 e 2, ou seja, com quatro e cinco anos, conheceram ao longo do ano, 10 livros de Janaína Tokitaka, com temáticas que falam de parceria, amizade, diferenças entre as pessoas, inclusão, sentimentos bons e ruins, as diferenças de cada família, entre outras.
“Como os alunos ainda são pequenos e não passaram pela alfabetização, as histórias foram contadas em rodas de conversas e depois trabalhadas por meio de desenhos. Tivemos apresentações na parte da manhã e tarde, no sábado (19), com uma boa participação dos pais”, contou a diretora Rosana Mancilla.
Já na Escola Municipal Professor Ricardo Luques Sammarco Serra, na Praia das Palmeiras, por iniciativa da aluna Sophia Moreira, 10 anos, e com a ajuda da professora Carolina Santos Moreira da Costa, foi feita uma chamada de vídeo com a escritora Flávia Muniz, na sexta-feira (18), que bateu papo com os alunos e respondeu curiosidades sobre seus livros e personagens.
“A Flávia é extremamente calorosa e receptiva, foi muita atenciosa com os alunos, explicou como escreveu alguns de seus contos e respondeu algumas perguntas que os alunos haviam preparado para ela. O retorno foi muito satisfatório, porque, ali, eles puderam transformar o abstrato (o autor tão distante da gente) em algo concreto (alguém real que está escrevendo). E a Flávia mostrou isso, que todos nós podemos ser escritores. Acho que isso foi o mais interessante e positivo de tudo”, contou Carol.
O trabalho final dos discentes foi a montagem de uma sala “Fantasmagórica”, com apresentações teatrais dos contos do livro “Fantasmagorias”, que traz 13 contos de ficção, horror e fantasia narrados por adolescentes que falam sobre suas fantasmagorias, ou seja, seus medos mais íntimos.
Na EMEF Professora Maria Morais de Oliveira, no bairro Jardim Gaivotas, os alunos, do 6º ao 9º ano, conheceram a obra do autor Daniel Mundukuru.
A coordenadora pedagógica, Alessandra Teixeira Torres, disse que textos e livros de Mundukuru foram trabalhados junto aos estudantes e envolveram questões indígenas como demarcação, músicas, comidas, pesquisa sobre as cidades paulistas com nomes indígenas (dos 645 municípios do estado, 238 tem nome de origem indígena), lideranças, costumes, modo de vida, preservação ambiental e culinária.
O resultado foi uma exposição farta com várias peças confeccionadas peslos estudantes como cocares, arcos, flechas, chocalhos, pau-de-chuva, painéis com temática indígena, sobre as cidades paulistas com nome indígena, comidas, etc..
“Eles descobriram a cultura dos povos originários, dentro da cultura brasileira. O melhor é que cada turma se comprometeu com as exposições e confeccionaram os materiais em casa e trouxeram para exibição na FLIC”, destacou.
O aluno Luca Fernandes, 14 anos, disse que não conhecia bem sobre os povos nativos. “Fiz uma trabalho sobre o cacique Raoni e pude aprender muito sobre a importância dele como líder. Também sobre os significados dos cocares e pinturas no rosto e corpo, também sobre as comidas típicas como a mandioca e a paçoca que consumimos no nosso dia-a-dia”, contou.
Já as professoras de Ciências Daiana Oliveira e Thaís Paes conduziram a pesquisa com os educandos sobre plantas medicinais, que resultou em um catálogo com várias plantas que passaram por processo de secagem (exsicata) e informações sobre a aplicação e uso de cada uma delas.
Um dos participantes desse estudo foi Jorge Guilherme Lima Oliveira, 14 anos. “Achei muito interessante, porque diversas plantas fáceis de encontrar em nossa região servem para várias situações para melhorar a saúde. Por exemplo, não sabia que da folha de amoreira pode ser feito um chá, que é bom para evitar o surgimentos de problemas do coração”, destacou.
As professoras Jéssica Ferreira (Ciências) e Fabiana do Carmo (Português) ficaram responsáveis por desenvolver um trabalho sobre as comidas típicas como milho, mandioca e amendoim. O resultado foi uma mesa farta, cheia de bolos, broas, canjicas, paçocas e até farofa, feitas pelos alunos, para degustação dos participantes.
Mateus de Moraes Buffoni, 14 anos, disse que foi para a cozinha fazer o prato farofa com banana. “Fácil e gostoso de preparar. Gostei muito das coisas que aprendi nessa FLIC”, disse.
Os alunos PcD (Pessoa com Deficiência – autistas, com deficiência intelectual ou baixa visão) da sala de recursos trabalharam com a professora Kártia Gonçalves de Carvalho o tema “Hoje nós somos os autores”.
“Todos produziram livros, independente da sua limitação. Eles se surpreenderam com o resultado depois de cada livro pronto e descobriram que eles também são capazes de serem autores”, afirmou Kátia.
Teve ainda a apresentação do coral “Chorus Vocalis”, regido pelo professor Fernando Montemor, com a músicas “Cara de Índio” (Djavan), “Kikiô ou Quiquiô” (Geraldo Espíndola), “Cio da Terra” (Chico Buarque e Milton Nascimento) e “Oração a Anchieta” em Tupi arcaico.
Autores homenageados
Na Educação Infantil, a escolhida foi a escritora, ilustradora e roteirista, Janaína Tokitaka. Nascida em São Paulo, em 1986, formou-se em Artes Plásticas (Artes Visuais) pela Escola de Comunicação e Artes (ECA/USP), em 2008. Tem mais de 20 livros publicados, voltados ao público infantil e adolescente. Dentre os mais famosos: Pedro vira porco-espinho; ABC Delas; Lobo de estimação; O pequeno sereio; O homem que roubava horas; Pequenas armaduras, entre outros. Também escreveu as animações Oswaldo (Cartoon Network), Clube da Anittinha (Gloob), De volta aos 15 (Netiflix) e Mila no multiverso (canal Disney), entre outras.
Ela aborda a diversidade, em vários aspectos, cultura japonesa, questões anti-bullyng, personagens afro-brasileiros, entre vários temas.
No Ensino Fundamental 1, a autora trabalhada foi Flávia Muniz, nascida em Franca (SP), no dia 3 de setembro de 1956.
Formou-se em Pedagogia e Orientação Educacional pela PUC de São Paulo e atuou como pedagoga, coordenadora pedagógica e orientadora educacional acumulando vários anos de experiência no trabalho junto às crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Editora do mercado de publicações por mais de 25 anos, fez parte dos grupos Abril, Moderna/Santillana e FTD Educação. Tem mais de 30 livros publicados, por exemplo: Fantasma só faz buuu, Brincadeira de Saci, O tubo de cola; Rita, não grita! , dentre outros
Em sua obra literária, Flávia Muniz, trabalha muito sobre sentimentos, sobre os fantasmas internos de cada um, medos e gostos pessoais.
No Ensino Fundamental 2, o estudo foi dedicado à obra de Daniel Munduruku, 60 anos. Nascido em Belém (PA), ele é um escritor, professor, ator e ativista indígena brasileiro originário do Povo Munduruku. É autor de 62 livros dirigidas aos públicos infantil e juvenil, tendo como tema principal a diversidade cultural indígena.
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